Enquete # 21 - A profundidade efetiva dos Plintossolos e Neossolos Litólicos

A profundidade efetiva dos solos refere-se a profundidade máxima na qual não existem impedimentos físicos e químicos restritivos para as raízes crescerem.

São apresentadas nessa enquete as informações de profundidade efetiva dos Plintossolos e Neossolos Litólicos, que são os principais solos não hidromórficos com as maiores limitações de profundidade efetiva física.

Plintossolos

A plintita é um material contendo argila, quartzo, baixo teor de matéria orgânica e alto teor de ferro e alumínio.

Ao longo do tempo esse mesmo material passa a ser denominado de petroplintita somente quando endurece irreversivelmente. Portanto, a plintita é um material precursor da petroplintita.

Historicamente, o termo plintita substituiu o termo laterita. A figura 1 apresenta a plintita.

Figura 1.Plintita    (Original:COELHO,M.R).

Figura 1. Plintita (Original: COELHO, M.R).

Enquanto que a plintita e a petroplintita definem o horizonte plíntico, o termo concrecionário é usado quando há grande quantidade de petroplintita nos solos. Para que o horizonte plíntico seja considerado como diagnóstico dos Plintossolos (com limitação física de enraizamento), há a necessidade de ocorrer nos primeiros 40 cm de profundidade e serem atendidas duas exigências: quantidade de plintita (maior ou igual a 15% em volume), e espessura (maior ou igual a 15 cm).

Esse horizonte é diagnostico dos Plintossolos no primeiro nível da hierarquia da classificação da EMBRAPA (ordem), mas quando não é diagnóstico (ocorre abaixo dos de 150 cm de profundidade) adjetiva de plíntico os solos intermediários entre si no quarto nível categórico (sub ordem). Exemplos de solos intermediários: Argissolo Amarelo distrófico plíntico, Latossolo Vermelho-Amarelo eutrófico plíntico.

Comparativamente, a água permanece mais tempo no perfil quando o solo é adjetivado de plíntico porque o horizonte plíntico ocorre numa maior profundidade agindo como uma barreira física a percolação da água em direção ao lençol freático.

Nos Plintossolos (Pétricos e Háplicos), ao contrário, a grande concentração de plintita nos primeiros centímetros da camada arável são responsáveis pelo rápido ressecamento.

Para que o horizonte petroplíntico para seja considerado diagnóstico é necessário que sejam atendidas as exigências de: quantidade petroplintita (maior ou igual a 50% em volume), de sua espessura (maior ou igual a 15 cm).

Diferir plintita de petroplintita no campo é fácil porque só a plintita pode ser cortada com a faca, pois sua consistência úmida é firme a muito firme, ao contrário da petroplintita que é muito firme a extremamente firme quando úmida.

Na paisagem esses solos ocorrem em superfícies plana, suavemente onduladas, especialmente na posição de terço inferior da encosta, ou nas áreas deprimidas das várzeas. No Brasil grandes áreas de Plintossolos localizam-se nos estados do Amazonas, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, e nas ilhas de Marajó e do Bananal.

No preparo do solo há excessivo desgaste dos implementos agrícolas, especialmente nos Plintossolos (Pétricos e Háplicos). A erosão constitui outra limitação dos Plintossolos quando ocorrem locais declivosos, e quimicamente são distróficos ou álicos.

A pastagem é o principal uso agrícola para os Plintossolos com problema de profundidade efetiva física, e no cultivo de arroz irrigado pode ocorrer toxidez de ferro.

Os solos mais ressecados são representados pelos Plintossolos Pétricos, simbolizados de FF, e os com maior disponibilidade hídrica são os Plintossolos Argilúvicos, simbolizados de FT (além de apresentarem horizonte B textural que acumula água, possuem plintita como uma barreira ao escoamento vertical da água para o lençol freático).

Em condição intermediária de disponibilidade hídrica encontram-se os Plintossolos Háplicos, simbolizados de FX. Pedologicamente, o símbolo da petroplintita na descrição morfológica é "F" e "f" da plintita.

Neossolos Litólicos

Os Neossolos Litólicos (anteriormente classificados como Solos Litólicos) também possuem limitação física para o enraizamento das plantas em profundidade, além de serem erosivos pelo declive acentuado e/ou pela dificuldade da infiltração da água no perfil.

A principal recomendação para o uso agrícola nos Neossolos Litólicos são as pastagens porque são solos rasos, e com limitação para o crescimento radicular em profundidade da maioria das plantas.

A figura 2 apresenta o perfil representativo do Neossolo Litólico.

Figura 2. Perfil representativo do Neossolo Litólico. (Original: Prado, H.)

Figura 2 . Perfil representativo do Neossolo Litólico. (Original: PRADO, H.).

É importante considerar nessa limitação de profundidade física a dureza da rocha, pois arenitos e folhelhos (rochas sedimentares) permitem enraizamento mais fácil do que do quartzito, ou ardósia (rochas metamórficas).

Profundidade efetiva química

A limitação química abaixo da camada arável também constitui uma barreira, pois há um impedimento a penetração radicular, mesmo que o solo seja profundo. Portanto a limitação de profundidade efetiva pode ter o componente físico acima citado (quantidade de material e espessura) e o químico (média a alta saturação por alumínio).

A figura 3 destaca o maior volume de raízes da cana-de-açúcar no solo eutrófico (alta concentração de cálcio e reduzida quantidade de alumínio) em comparação com o solo álico (alta concentração de alumínio e reduzida quantidade de cálcio).

Nota-se claramente que as raízes ficaram bem mais grossas no solo álico devido ao alumínio tóxico inibir a divisão celular, e como consequência favorecer o crescimento radicular. Ao contrário, a alta concentração de cálcio do solo eutrófico foi a principal responsável pela divisão celular e conseqüentemente pelo crescimento radicular da planta em profundidade, no mesmo volume de solo.

Figura 3.Crescimento radicular da cana-de-açúcar em solos com profundidade efetiva química favorável (à esquerda) e desfavorável (à direita).

Figura 3.Crescimento radicular da cana-de-açúcar em solos com profundidade efetiva química favorável (à esquerda) e desfavorável (à direita).

Uma propriedade agrícola apresenta solos com diferentes graus de limitações de profundidade efetiva, conforme ilustrado nas figuras A e B. Baseado nessas figuras e no texto acima escolha a única alternativa correta.

Figura A. Perfil 1 representativo do Plintossolo Pétrico. (Original:COELHO,M.R.)

Figura A. Perfil 1 representativo do Plintossolo Pétrico. (Original: COELHO, M.R.)

Figura B. Plintossolo Argilúvico (Original: COELHO,M.R.).

Figura B. Plintossolo Argilúvico (Original: COELHO, M.R.).

Resultado da enquete

Alternativa correta: C e E

Alternativa % de votos
a) Para uma mesma precipitação pluviométrica, o volume de água que infiltra é similar nos perfis P1 e P2. 0,0%
b) Para uma mesma precipitação pluviométrica, a enxurrada é maior no perfil P1 do que no perfil P2. 26,9%
c) Para a maioria das plantas, o perfil P1 apresenta maior limitação de profundidade efetiva do que o perfil P2. 26,9%
d) Para uma mesma precipitação pluviométrica, a água fica disponível por mais tempo no perfil P1 do que no perfil P2. 3,8%
e) Cronologicamente a petroplintita é mais jovem que a plintita. 42,3%
Total de votos: 26

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